Ela é bailarina, anda com um kit de primeiros socorros na mochila e sonha em ser oficial do Corpo de Bombeiros

     Por Marcello Sciarotta     

     Gabriela Verlangieri de 20 anos, mora em Sorocaba, interior de São Paulo e vive um sonho, não muito comum entre garotas de sua faixa etária. Ela deseja ser oficial do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Ela conta que em sua infância tinha o desejo em ser médica cirurgiã, pois queria estar perto das pessoas e ajuda-las em momentos difíceis, mas seu coração foi tomado, quando sua tia que é bombeira, a inscreveu no curso de bombeiros mirins.image (1)

G: Foi paixão a primeira vista (risos). Amei aquilo de tal forma que até hoje não entendo. Pude conhecer a disciplina e hierarquia de um quartel militar, o dia-a-dia dos bombeiros, as viaturas – que me encantam – e o melhor de tudo: o espírito em ser um bombeiro.

Com 12 anos, Gabriela já fazia parte do quadro de bombeiros mirins do 15º GB (Interior) e acabou se tornando monitora do curso durante 5 anos. Ela conta que vivia praticamente dentro do quartel e já havia decidido para seu futuro estar na linha de frente na matéria de salvar vidas.

G: Eu amava estar lá, quando a sinal de ocorrência tocava eu estava lá, assistindo eles saírem e imaginando eu um dia fazendo aquilo. Quando eles voltavam eu ficava perguntando tudo que aconteceu e o que eles fizeram.

Com toda sua beleza, Gabriela conta que já socorreu muita gente na cidade onde mora e revelou que anda com um par de luvas cirúrgicas na bolsa.

G: Eu estava indo para a aula e passava por uma praça. Eu escutei um grito e vi do outro lado uma moça sair do carro gritando e olhando pra baixo. Sai correndo, mesmo sem saber se haviam vítimas. Cheguei lá e me deparei com uma vítima inconsciente com princípios de convulsão. Tinha um rapaz tentando mexer nela e me entregou seu celular para eu ligar para os Bombeiros, eu disse não, liga você! Coloquei minhas luvas e fiquei na cabeça para imobiliza-la e segura-la, a vítima também tinha um corte na parte inferior da cabeça.”

E: Neste momento não havia ninguém mais no local ? O CB não havia chegado?

G: Não, mas chegou um médico e abriu – na maior delicadeza – o kit de primeiros socorros dele, colocou as luvas e quis comandar a situação. Falei que já estava no comando e que ela tinha começado a convulsão, também disse para ele e para o moço o que deveria ser feito quando isso acontecesse. O moço estava sem luvas e não podia ter contato com a cabeça da vítima. Logo a UR chegou no local e eu passei a ocorrência pro sargento que veio primeiro. Levantei, tirei a luva e fiquei assistindo ela ser imobilizada.

Gabriela prestou o concurso para soldado temporário e passou. Não foi diretamente para o Corpo de Bombeiros, mas insistiu tanto com o comandante que conseguiu a transferência para o quartel onde queria. Hoje seu contrato com a PM já se encerrou e ela treina para o TAF (Teste de aptidão física) do concurso para efetivo.

image (2)E: Você gostaria de trabalhar na capital ou no interior?

G: Quero mesmo é aqui na minha cidade, mas não importa onde seja desde que esteja exercendo essa linda profissão, que é meu maior sonho.

E: Como sua família e amigos lidam com essa situação ?

G: Minha família me dá total apoio, sempre ao meu lado. Eles acham um pouco estranho, mas apoiam. Os amigos acham legal, alguns demoram a entender.

E: Você acompanha as ocorrências da sua cidade? Se você fica sabendo, vai até o local?

G: Acompanho pelo Twitter do corpo de bombeiros as ocorrências, se estiver próxima ao local eu vou e se estiver passando de ônibus ou de carro eu desço.

E: Você já acompanhou uma ocorrência, de dentro do CB? na Viatura?

G: Não, eu adoraria. Mas o comandante não deixaria.

E: Hoje em dia, você faz visitas ao quartel?

G: Faz poucos dias que sai, ainda não voltei. Mas logo voltarei para visitar ou passar uma tarde lá, participar ou ver alguns treinamentos.

E: Você acompanha o trabalho das mulheres no corpo de bombeiros?

G: Sim, claro! Tenho várias fotos de mulheres bombeiras, reportagens e etc.

E: Caso se torne oficial, como se sentiria em comandar homens?

G: Acho que hoje em dia não tem mais tanto essa diferença de ser mulher comandando homens, somos todos iguais com o mesmo objetivo, a única diferença será o posto, tem que haver a hierarquia e disciplina e o respeito independente de qualquer coisa.image

E: Como se imagina no primeiro dia de trabalho no corpo de bombeiros?

G: Sempre imagino meu primeiro dia, até sonho algumas vezes. Será o dia mais feliz da minha vida, eu vou querer fazer tudo, mostrar o que eu sei e pra que eu vim.

E: Você tem algum tipo de medo?

G: Medo é viver sem poder fazer o que eu nasci pra fazer, não realizar meu sonho. Acordar no futuro e saber que eu poderia estar salvando vidas. Também preciso ter medo de morrer para pensar no que fazer e tomar as precauções.

E: Você acha que isso é algo que vem da alma? Esse sentimento?

G: Acho que ser bombeiro é um dom, você não se torna bombeiro, você nasce bombeiro. Tem muitos que trabalham no CB, não “são” bombeiros. Ser bombeiro é estar pronto pra servir qualquer um, pronto pra salvar e dar o seu melhor para que o próximo possa viver. Como a frase diz “quem não vive pra servir, não serve pra viver”. Não basta querer tem que ser, não é uma profissão fácil, tem que honrar a farda, fazer o possível e o impossível. É ir para o fogo enquanto todos fogem dele, é vidas por vidas, salvar ou morrer!

Um comentário em “Ela é bailarina, anda com um kit de primeiros socorros na mochila e sonha em ser oficial do Corpo de Bombeiros

  1. Meu nome é Odilon Verlangieri e sou avô e apaixonado por essa menina e queria antes da minha partida definitiva para outro lado, ver minha neta realizando seu sonho, seu sonho de criança.
    Vai minha minha neta querida, que você consiga realizar esse seu sonho e possa fazer sua carreira dentro desta tão conceituada corporação, seja feliz e onde eu estiver estarei olhando e torcendo por você…Bjusss te amo!!!

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